Cotidianos de uma pesquisadora, mãe solo de três

Entre livros e choros infantis ( adulto também) o cotidiano às vezes é bem difícil. Na etapa de finalização do meu projeto de pesquisa de mestrado já tive, pelo menos, umas dez interrupções, só hoje. Acordei cedo pra escrever antes de começar as tarefas com eles. Não demorou muito e o pequeno chama do quarto: "Mãeeeeee"! Deu tempo de revisar umas duas páginas, paro e vou atendê-lo. Está chovendo, as opções são poucas pra entreter! Ofereço pão, leite, arrumo tudo pra ele e seguimos: -Eu quero you tube!!! -You tube não pode tu é pequeno! -O Joaquim olha! -O Joaquim é maior Começa o choro, o grito, o chute. Pego no colo, distraio com a chuva, a casa que a vizinha se mudou... -Nem tá chovendo -tá sim, viu que um pinguinho aí no teu braço!? -hum -Eu vou ollhar Netflix, tu quer? -Tá Ganho mais uns minutos pra escrita e até que rendeu bastante! Domingo passado mesma rotina: acordo cedo pra render antes deles levantarem, escrevo um pouco e aparece o pequeno. Largo tudo, arrumo café pra ele, e vamos brincar um pouco. Pulamos corda, e vem o do meio pra brincar junto! Choro pra quem pula primeiro. Vamos jogar bola, choro porque o mano não chutou pra ele direito. Choro pra vir no meu colo, choro, choro, choro...perco a paciência. Saio de perto pra continuar entregando o mínimo de saúde mental! Gatilho de solidão, abandono e falta de rede de apoio! Precisei de uns 20 minutos pra voltar do que eu chamei de "surto". Pedi pra minha mãe atendê-los até eu melhorar, ela tava aqui me visitando...Já tinha ajudado com louça e outras tarefas domésticas (elas nunca acabam, a gente sabe) Desisti de continuar a escrita e decidi passar o dia com eles e ficar bem! Calorão de 36 graus fomos à piscina a tardinha. Joaquim me olhou e disse: -Tu tá com uma cara ruim, mãe! -A mãe vai melhorar! Pesquiso questões de gênero na escola. Na leitura e escrita me identifico com os desafios das mulheres que, diariamente, estão sobrecarregadas com demandas que, injustamente, assumem sozinhas!